Temporada 2020
março 31, 2020
Barbosa
julho 16, 2020
 

Seremos história


As reuniões do grupo de estudos “Planejando com cinema” também sofreram o impacto do COVID-19. Sendo assim, ficamos impossibilitados de nos encontrar presencialmente. Porém, como já havíamos previsto uma maior utilização de ambientes digitais de comunicação a partir de 2020, optamos por não interromper completamente nossas atividades. Sendo assim, a primeira reunião de 2020 foi à distância, e como sempre, bastante produtiva.
 

Escolhemos como primeiro eixo temático para este ano, a problemática em torno das questões ambientais, ou seja, a relação entre consumo e exploração dos recursos naturais ao longo da história. Sobretudo, como levar essa reflexão para a sala de aula através do cinema, produzindo uma comunicação entre História e Geografia. Optamos pelos filmes “No mundo de 2020” (Soylent Green, de 1973) e o documentário “Seremos história?” (Before the flood, lançado em 2016). Para esta atividade, desenvolvida inteiramente através de plataformas digitais de conteúdo e compartilhamento de arquivos, começamos pela obra produzida pelo ator Leonardo di Caprio, cujo título em português já traz uma forte presença do tempo: antes do dilúvio.

 

Devido ao isolamento social, procuramos fazer com o grupo a mesma coisa que estamos sendo orientados a proceder com nossos alunos, ou seja, através dos meios que a internet proporciona, com uma quase infinita acessibilidade a conteúdos, suprir a perda provocada pela falta de interação presencial. O próprio filme “Seremos história” está disponível no Youtube integralmente. Além disso, usamos vários textos de apoio para aprofundar a discussão.

Evidentemente, nós profissionais da educação, estamos muito acostumados a reuniões presenciais. No entanto, imagino que uma das mudanças que esse momento histórico irá aprofundar, é uma maior utilização de ferramentas digitais de interação em nosso trabalho. Por isso, penso que é melhor que nos acostumemos o mais rápido possível, e procuremos fazer com que sejam tão proveitosos como quando estamos reunidos fisicamente, pois o mais importante, penso eu, são os encaminhamentos que resultam das discussões. E o principal motor para isso funcionar é o compromisso dos envolvidos no processo.

Como resolvemos não parar as atividades, aproveitamos para produzir um material que pudesse ser usado também através desses mesmos “espaços virtuais” que utilizamos para o debate. Ou seja, o objetivo central desse momento foi construir tarefas que pudessem ser executadas por nós a partir do uso das redes sociais. Algo que atendesse a essa demanda específica dos tempos de confinamento. Entretanto, independentemente das circunstâncias, nada impede que exercícios como esse possam ser realizados como atividades de complementação, mesmo ao longo das aulas presenciais.

Inclusive, uma das características desse tipo de participação é que não precisamos desenvolver nossas tarefas ao mesmo tempo, o que, no caso de nós professores, torna-se uma vantagem. Por isso, criamos um calendário. Ao longo de uma semana, cada um dos membros do Planejando com Cinema, ficou com a responsabilidade de reservar um tempo para ver o filme “Seremos história?”. Marcamos o dia 28 de março como momento para a interação na rede social WhatsApp. Assim sendo, fomos postando ao longo do dia nossas observações sobre o filme, com gravação de áudio. Usamos textos escritos para sugerir maneiras de fazer o filme dialogar com as questões que discutimos em nosso grupo e como poderíamos usá-lo como meio para uma discussão à distância. Sobre esse último ponto, ficou estabelecido que cada professor iria elaborar uma proposta de atividade, com perguntas e/ou outros encaminhamentos.

Como falei, além do filme e da interação no grupo, nosso itinerário contempla a leitura de textos e o compartilhamento das impressões sobre eles no grupo do WhatsApp. O objetivo dessas leituras é permitir um aprofundamento nas questões que envolvem a utilização de filmes para discutir a temática ambiental. Assim como nos ajudar a direcionar melhor as tarefas para os nossos alunos.

 
 

Dessa forma, como estamos todos nós professores, sendo orientados a propor atividades através de plataformas de interação digital, nosso objetivo seria aproveitar as ideias que cada um fosse lançando e as adaptasse a realidade de cada contexto escolar, já que entre nós, há diversas modalidades e faixas-etárias. Mesmo em nosso pequeno grupo de professores, abarcamos desde os primeiros anos do Ensino Fundamental até o Ensino Médio, passando pela Educação de Jovens e Adultos, em escolas públicas e da rede privada. O que é um fator de enriquecimento de nossos debates e dá amplitude àquilo que deliberamos, pois cada um de nós aplica em uma realidade às vezes bem distintas uma das outras.

As ideias que propomos poderão, a posteriori, ser objeto de divulgação através da seção CineHistória. Portanto, provavelmente será nela que onde eu e meus colegas poderemos expor o que foi produzido junto com os alunos a partir do que foi e será ainda debatido no “Planejando com cinema”. Em verdade, o intuito dessa postagem é mostrar como é possível que continuemos produtivos em tempos de restrições. Porém, de maneira sucinta, procuramos destacar em nossas mensagens que o filme “Seremos história?”, mesmo à princípio podendo ser visto como um suporte mais adaptável ao uso do professor de Geografia, levanta uma importante reflexão histórica que articula passado, presente e futuro. Já que a todo instante, a começar pelo título em português, somos instigados a pensar em nossas ações no passado e no presente, com efeitos para o futuro. Foi preocupação nossa, procurar elaborar questionamentos para que os alunos percebam a participação humana nas transformações do meio em que vivemos, e procuramos relacionar essas ações em especial à cultura do consumismo.

Ademais, um ponto que mereceu um destaque nas colocações que fizemos foi a do negacionismo, uma característica cada vez mais forte no mundo. No que se refere as questões debatidas por nós, assusta bastante a descrença no aquecimento global, mesmo que isso vá na contramão da maioria dos cientistas que pesquisam há décadas esse problema.

 
 

Bem, esse foi um pequeno apanhado dessa nossa iniciativa de dar sequência ao “Planejando com cinema” nesse ambiente extremamente difícil que estamos passando, e que, curiosamente, também é alvo de negacionismo. Não deixa de ser também uma prova dos vários tempos que convivem na contemporaneidade.

Até a próxima!

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