Introduzo brevemente essa questão porque muitos trabalhos que promovem um diálogo entre cinema e história, e mais especialmente o ensino de História, dão um destaque quase exclusivo a imagem, e desprezam o uso do som como um aspecto fundamental na composição do sentido das cenas. E isso é quase uma resposta natural a força que as imagens exercem sobre as nossas percepções. O efeito catártico dos planos, especialmente em montagens que cada vez mais destacam a rapidez da ação, tornam a banda sonora um adereço ao conjunto do filme, dissolvido no processamento dos cortes.
Entretanto, a inserção do filme na aprendizagem de História não deve abrir mão de pensar os usos do som, seja o sound design, os diversos efeitos produzidos em mesas de edição, ou mesmo do score, a partir do áudio que chamamos comumente de soundtrack ou trilha sonora, em português. Assim como o background sonoro, um trabalho de ambiência que instiga a percepção do contexto e do espaço onde se desenvolvem a história.
A própria cultura cinematográfica já nos habilita a perceber essa intenção, pois algumas associações vão sendo estabelecidas. Como exemplo, temos as bombásticas trilhas dos filmes épicos hollywoodianos, as melodias dos westerns ou da pulsação rítmica que conduz o espectador durante os filmes de terror e suspense. Em outros casos, nos chamados filmes ambientados historicamente, é comum o uso de músicas do período que está sendo representado. Sendo assim, uma história que se passa na década de 1950, nos Estados Unidos, é provável que ouçamos muito rock n’ roll; enquanto o madrigal poderá ser incorporado à representação do final do medievo europeu.