Os primeiros passos do projeto Planejando com cinema
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É preciso ver para saber (o que fazer com os filmes)
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A formação do grupo de estudos e pesquisas


No texto anterior, expliquei como nasceram as atividades do projeto Planejando com cinema, nos seus primeiros momentos uma forma de complementar e enriquecer as oficinas do CineHistória, junto aos alunos da Educação de Jovens e Adultos. Pois bem, dando prosseguimento a esta narrativa que resume sua incipiente trajetória, digo que agora falarei mais do futuro do que do passado. Não é uma parte II, portanto. Digamos que se trata mais exatamente da tentativa de expor um estágio de transição no qual se encontra hoje o projeto, que busca uma ampliação em vários sentidos, visando a formação de um grupo permanente de estudos e pesquisas cujo objetivo é pensar a prática do uso de filmes nas aulas de História, em especial no sentido de promover o desenvolvimento do raciocínio histórico dos alunos.
 

Falo em ampliação porque, à princípio, acredito que esse grupo de estudos e pesquisas não deveria ficar limitado ao universo da Educação de Jovens e Adultos, e muito menos ao espaço de uma instituição escolar. Por isso, no final de 2018, comecei a convidar colegas professores para integrar a equipe. Além de continuar as atividades na escola em que teve origem, formamos um núcleo de 5 pessoas com o objetivo de organizar a estrutura de um plano de expansão. Porém, já com todos os elementos pensados e executados à título de experimento. Sendo assim, ao longo de 2019 estamos nos reunindo periodicamente para debater textos que discutem o ensino de História e o uso do cinema, tanto na pesquisa como no ensino. Além, é claro, das sessões em que assistimos aos filmes, e refletirmos sobre como podemos usá-lo como meio didático na aprendizagem histórica. Em resumo, nosso intuito é pensar a relação entre cinema, história e ensino de História e elaborar estratégias de um melhor aproveitamento dos filmes na escola.

 

Em consonância com a minha pesquisa de mestrado, que investiga o uso de filmes para a compreensão das noções de tempo e temporalidade, e de uma maneira um pouco mais ampla, promover um estímulo ao ato de pensar historicamente, os filmes selecionados seguem a ideia de proporcionar aos professores e alunos a observação de como a relação passado, presente e futuro é materializada nas narrativas fílmicas, servindo como instigância para o raciocínio histórico. Sendo assim, em nossas reuniões, a intenção é de que, em conjunto, possamos contemplar mais aspectos explorados no filme, e que provavelmente seriam desperdiçados à depender da percepção de apenas uma pessoa.

 

Porém, nossos encontros não se limitam a observar o filme e discuti-lo. A partir do ato de pensar um uso mais eficiente deles, acabamos por refletir também sobre os objetivos do ensino de História, assim como nosso fazer docente. Ou seja, ao mesmo tempo em que estamos refletindo sobre o que podemos trabalhar a partir do filme, questionamos qual seja o próprio sentido daquilo que ensinamos, que competências queremos que os alunos desenvolvam, ou se for possível resumir em uma pergunta: qual é o sentido e o valor da aprendizagem histórica? Assim, a ideia do planejando com cinema não é apenas “planejar” o que fazer para que os alunos “aprendam”, mas servir também como avalição da nossa prática em sala de aula.

Embora tudo isso seja verdade e nada é menos importante nesse processo, imagino e faço questão aqui de destacar isso, quando nos reunimos em torno do objetivo de debater os filmes, somos por ele influenciados. Aprendemos, portanto. E mais importante, aprendemos a aprender com ele. Além do fato óbvio de estarmos aprendendo uns com os outros. Era justamente para que tudo funcionasse a contento no primeiro estágio do grupo de estudos, que fiz questão de começar com um número diminuto de membros. Mas a partir do próximo ano, dois passos importantes serão dados. O primeiro deles é a ampliação do número de membros, a partir de um convite que farei aos professores integrantes da rede municipal de ensino da cidade onde resido, Brejo Santo.

O segundo passo a ser dado é a publicação aqui no site, na seção CineHistória, das atividades que os professores membros do grupo de pesquisa estiverem desenvolvendo em sala de aula com o uso de filmes. A ideia é que essa divulgação seja uma forma de darmos amplitude ao projeto, e quem sabe poder contar com a colaboração, via internet, de uma rede maior de pessoas interessadas no uso do audiovisual na educação histórica. E como o intuito é que possamos usar preferencialmente os filmes que serão por nós debatidos e analisados na seção “filmes”, todo o ambiente do site estará integrado.

 

A partir de 2020, as postagens referentes a seção Planejando com cinema buscarão também fazer um apanhado das nossas conversas. Sendo assim, a cada encontro que realizarmos, farei aqui um pequeno relato do que debatemos o filme e os encaminhamentos sugeridos para o seu uso. Enfim, espero que essa inciativa possa inspirar atividades semelhantes, posto que juntos podemos vencer barreiras. Não esqueçamos que o uso do audiovisual na escola ainda é visto como algo improvisado, não planejado ou integrado a uma programação pedagógica mais ampla. O Planejando com cinema tenta mostrar que é possível seguir um outro caminho. Até a próxima!

Professor Josemar

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